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© 2024 José Meirinhos
Página actualizada a 25-07-2012
Página impressa a 19-04-2024

Universais

 

A primeira formulação concisa dos problemas lógicos e ontológicos dos termos universais encontra-se nas palavras de abertura da Introdução às categorias de Aristóteles, pelo filósofo neoplatónico Porfírio de Tiro (c. 234 – c. 305):

«Como é necessário, ó Crisaório, para conhecer a razão das Categorias de Aristóteles, saber o que é o género, o que é a diferença, o que é a espécie, o que é o próprio, e o que é o acidente, e como este saber é também necessário para formular as definições, e, de um modo geral, para tudo quanto abrange a divisão e a demonstração, cuja teoria é deveras úril, farte-ei uma breve exposição e tentarei em poucas palavras, como que numa espécie de inrrodução, percorrer o que sobre isso disseram os antigos filósofos, abstendo-me de indagações demasiado profundas, e não abordando, senão com parcimónia, mesmo as mais simples. Antes de mais, no que se refere aos géneros e às espécies, a questão de saber se elas são realidade em si mesmas, ou apenas simples concepções do intelecto, e, admitindo que sejam realidades substanciais, se são corpóreas ou incorpóreas se, enfim, são separadas ou se apenas subsistem nos sensíveis e segundo estes, é assumo de que evitarei falar: é um problema muito complexo, que requer uma indagação em tudo diferente e mais extensa».
Porfírio, Isagoge, trad. P. Gomes, Guimarães ed., Lisboa 1994, pp. 49-51.

Com estas palavras, dedicadas a um problema bem mais antigo, que pode ser reconduzido a Platão e Aristóteles, Porfírio formula as perguntas cuja resposta adia, mas que seriam levadas muito a sério pelos seus leitores e comentadores. Os autores medievais, começando desde logo por Boécio seu tradutor e primeiro comentador latino, fizeram delas uma querela que, para alguns, são o debate central da filosofia medieval a partir do qual grande parte dos problemas, discussões e argumentos dessa época seriam compreensíveis. Pelo menos é certo que a discussão não foi adiada pelos mestres medievais. Dedicaram ao problema dos universais inúmeros tratados, opúsculos, comentários, lições, questões, desde logo no âmbito do estudo da citada obra de Porfírio que desde o século XIII haveria de transformar-se num dos textos obrigatórios dos cursos de lógica nas faculdade de Artes. A questão dos universais mereceu também particular atenção no contexto do estudo de outras obras, como as Categorias, o De anima, a Metafísica, ou, na Faculdade de Teologia, nos comentários às Sentenças de Pedro Lombardo.

Neste como em quase todos os debates medievais é virtualmente impossível encontrar dois autores que  concordem completamente entre si. As diferentes soluções ao problema dos universais (que vão do realismo ao nominalismo mais extremos) encontram na Idade Média formulações rigorosas com uma criatividade que ainda mal conhecemos e que os estudos contemporâneos exploram de modo intenso. A discussão sobre os universais não está apenas presente nas discussões de lógica e metafísica, mas encontra expressão e afeta todos os domínios: teologia, física, psicologia, ética.

Ver o seminário do GFM / IF em 2011-2012 sobre os universais.

 

Bibliografia

Autores e textos

(seleção)

Dossiers de textos traduzidos

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Breve linkografia sobre o problema dos universais

 

Estudos gerais

Estudos temáticos

 Nominalismo

Realismo

Universais: medievais e contemporâneos

 

Autores

 

Abelardo

João de Salisbúria (Iohannes Sarisberiensis)

Radulfo Bretão (Radulphus Britonis)

 

Duns Escoto e Ockham

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