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© 2024 José Meirinhos
Página actualizada a 20-10-2016
Página impressa a 20-11-2024

Censuras e condenações da Filosofia

Censura e interdição

É apenas no século XX que a historiografia da Filosofia Medieval descobre o interesse filosófico, institucional e cultural das censuras e condenações públicas da Filosofia. Essas censuras atingem sobretudo as obras de Aristóteles e de alguns dos seus comentadores (como Averróis) ou os seus seguidores medievais. A censuraproferida em Paris pelo Bispo Tempier em 1277, ou em Oxford pelo arcebispo Roberto Kilwardby no mesmo ano, atingem um grupo mais diversificado de teses e posições filosíficas, teológicas e éticas.

O conhecimento da filosofia dos séculos XIII e XIV modificou-se substancialmente com a compreensão dos processos de censura e condenação, seus agentes, seus alvos e consequências. Não é apenas o ambiente de liberdade intelectual e de discussão que é atingida, a própria orientação do pensamento e dos interesses especulativos são afectados pelo temor de não cair nas posições condenadas, ou pela explícita ou disfarçada tentativa de argumentar em favor das posições criticadas. As sucessivas tentativas de julgar as posições filosóficas como heréticas eleva a Filosofia a um estatuto político institucional e pessoal diferente da de simples recurso especulativo.

A "descoberta" da censura e das condenações como facto filosófico e científico relevante suscitou também uma querela entre historiadores da filosofia e das ciências, sobre a importância e consequências das condenação, em particular a de 1277.

 

OS TEXTOS

Colectânea

 

1210, Sens (Sínodo condena as obras de Amalrico de Béne e David de Dinant)

 

1231.04.13, Latrão: papa Gregório IX manda expurgar as obras de filosofia natural de Aristóteles

 

1241.01.13, Paris: Condenação de 10 erros "contra a verdade teológica", pelo Bispo de Paris

 

[1255, Paris: Estatutos da Universidade de Paris prescrevem as obras de Aristóteles no plano de estudos da Faculdade de Artes

(neste caso não se trata de proibir mas de tornar obrigatório o estudo de Aristóteles)

 

1270.12.10, Paris: Condenação de 14 teses ensinadas pelos mestres de Artes

 

1272.04.01, Paris: Estatuto da Faculdade de Artes que restringe a discussão de questões teológicas na faculdade

 

1277.03.07, Paris: Condenação pelo bispo Tempier de 219 (ou 220) teses ensinadas pelos mestres de Artes

 

1277.03.18, Oxford: Condenação pelo Arcebispo Roberto Kilwardby de 30 teses de gramática, lógica e filosofia natural

 

Egídio Romano, Os erros dos filósofos (De erroribus philosophorum)

Egídio Romano, Apologia

Raimundo Lúlio, Declaratio

(um comentário dialogado das 219 teses condenadas em Paris em 1277)


ESTUDOS

ESTUDOS GERAIS

 

1277

 

Eternidade do Mundo

Felicidade intelectual

Dupla verdade

 

Natureza

 

Omnipotência divina

 

Vazio (vacuum)

 

Sexo e moral

 

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