As histórias da Filosofia Medieval são um instrumento muito útil para início de estudo e obtenção de uma chave de compreensão cronológica e temática deste período do pensamento. Por terem sido, em geral, escritas por especialistas, possuem já o grau de profundidade e de tecnicidade adequado a uma introdução.
As histórias da filosofia medieval são todas diferentes entre si, em particular devido às posições de princípio e orientações do(s) seu(s) próprio(s) autor(es). Por essa razão devem ser lidas com a devida precaução, adquirindo-se o hábito de nelas distinguir o que é interpretação do que é descrição.
As divergências entre autores encontram-se nos mais diversos âmbitos. Desde logo quanto aos limites cronológicos da Idade Média, mas sobretudo quanto à identificação do que consideram ser os problemas filosóficos centrais e suas soluções em cada autor, ou em cada período, ou no totalidade da época. Uma história da filosofia medieval pode centrar-se no pensamento latino cristão, pu pode abarcar de modo isolado ou comparatista todos os contextos geográfico culturais (latino e línguas novi-latinas, grego, árabe, hebraico; ou cristão, judaico, islâmico). Por vezes oferecem reconstruções sistemáticas do pensamento dos autores que, enquanto tais, nunca se expuseram dessa maneira, metodologia que outros historiadores recusam, preferindo uma exposição mais próxima dos textos, das suas lacunas e dificuldades. Autores há que oferecem uma reconstrução estritamente histórica e contextualista da filosofia medieval, outros procuram combinar essa perspectiva com um diálogo com o pensamento contemporâneo. Sobretudo, cada história da filosofia procurar responder a questões colocadas pelo momento e contexto em que é escrita, dependendo em grande parte do conhecimento que nesse momento exista sobre a época, os autores e os textos tratados.
O leitor de histórias da Filosofia Medieval deve ter em conta estas questões, pois nenhuma delas é "a" história da Filosofia Medieval. É sempre importante ler bem as respectivas introduções, onde habitualmente cada autor expõe as suas opções e interesses, metodologia, critérios cronológicos, etc.
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Ver o separador "Escolas e épocas".