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© 2024 Animal Rationale Mortale
Página actualizada a 20-09-2019
Página impressa a 26-12-2024

SUMMARY

‘Animal Rationale Mortale’. A relação corpo-alma e as paixões da alma nos Comentários ao De anima de Aristóteles das Universidades portuguesas do séc. XVI.

 

O Projecto ARM é um projecto do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia – FCT, avaliado com classificação de Excelente no concurso para projectos em todas as áreas - 2012 (Financiamento: €50.000 - Referência EXPL/MHC-FIL/1703/2012)

 

Este Projeto analisa as doutrinas sobre a natureza do homem e sobre as paixões da alma no legado textual dos professores de Filosofia (comentários ao De anima de Aristóteles) e Teologia (Comentários à Suma de Teologia I-IIae, qq.22 a 48, de Tomás de Aquino), que atuaram nas universidades portuguesas no final do século XVI. Subsistem alguns textos destes comentários reflectindo as doutrinas que sobre esta matéria eram ensinadas nas universidades portuguesas no final do séc. XVI. As doutrinas em debate na literatura da época envolvem um conjunto de questões, nomeadamente: qual a origem do embrião humano? Qual o processo de concepção e fecundação humano? Como surge no corpo humano uma alma racional? Todos os seres humanos possuem igual dignidade? Qual a sede das paixões humanas: o corpo ou a alma? As paixões interferem na inteligência e vontade humanas? De que modo? A resposta a estas questões varia enormemente, em obras da mesma época, produzidas no mesmo contexto académico e por vezes por autores correligionários.


Analisando os comentários ao De anima de Aristóteles ao supra-referido texto da Suma de Teologia de Tomás de Aquino, produzidos no séc. XVI em Portugal, o Projeto indaga as principais influências que eles revelam: são indicadores de proto-modernidade, postulando a relativa autonomia do corpo sobre a alma, a identidade própria de cada um destes princípios, socorrem-se da literatura médica coeva para compreender a natureza do composto humano? Ou há uma maior proximidade com os argumentos de Aquino, na tentativa de uma fidelidade à tradição aristotélica-tomista, de acordo com o exigido pelo Ratio Studiorum? Que autoridades aparecem citadas nos textos e de que modo elas revelam a existência de uma rede de intercâmbio de conhecimento estabelecida no espaço peninsular? Que conhecimento das doutrinas médicas em circulação à época revelam, para explicar fenómenos de âmbito fisiológico, como o processo da concepção humana, a origem do embrião, ou as paixões ditas ‘da alma’? De que tradição é devedora e literatura médica citada: Salernitana? Toledana? 
Hipocrática e Galeniana? Aristotélica? 

É relativamente escasso o legado textual subsistente dos Comentários realizados nas universidades portuguesas e onde estes temas se encontram tratados. Na maioria dos casos quer para o Comentário ao De anima, quer para o comentário ao Tratado das Paixões de Aquino os textos subsistentes são comentários incompletos e encontram-se manuscritos. 
Pelo seu carácter exploratório, e dada a sua curta duração, o Projeto analisa apenas os comentários completos subsistentes e verifica as tendências que revelam (humanistas ou conservadoras). Para este objectivo, indaga as autoridades e textos citados, identifica as principais doutrinas sobre a natureza do homem e as paixões da alma em circulação nas universidades portuguesas no final do sec. XVI. 

O Projecto analisa os seguintes textos/autores: 

A. Comentários Completos ao De Anima de Aristóteles, Autorizados: 
• Cristóvão Gil: Comentário aos Livros I a III: Lisboa, BNp, cód. 2516; 
Comentário aos Livros I e II: Lisboa, BNp cód. 2518.
• Marcos de Moura: Comentário aos Livros I a III: Lisboa, BNp, cód. 4921, ff. 
164-202.
• Pedro Luís: Comentário aos Livro I a III: Lisboa, BNp, cód. 2513. 
• Pedro da Fonseca: Comentário aos Livros I e II; Comentário ao Livro III: 
Coimbra, Biblioteca da Universidade, cód. F3. 

B. Comentários à S. Th, I-IIae, q. 22-48, de Tomás de Aquino: 
Comentários subsistentes à Suma de Teologia I-IIae, q. 22-q-48 (De passionibus), todos 
anónimos:
• Coimbra, Biblioteca da Universidade, cod. T 41 (ref. Stegmüller) (q. 22); 
• Lisboa, BNp. cod. 2362 (S. Th. I-IIae, q. 30); 
• Coimbra, Biblioteca Universidade, cod. T41 (ref. Stegmüller) (S. Th. I-IIae, q. 
41).

 

Paula Oliveira e Silva
Investigadora Principal

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