Imago Mundi, 12
Tomás de Aquino (1225-1274) e Sigério de Brabante (c.1240-c.1284) ensinaram na Universidade de Paris praticamente ao mesmo tempo, mas em faculdades diferentes. Tomás de Aquino era frade dominicano e por duas vezes foi mestre na Faculdade de Teologia, Sigério de Brabante era eclesiástico secular e foi mestre na Faculdade de Artes, a escola de Filosofia e de estudo da natureza nas universidade medievais.Embora ambos reconhecessem em Aristóteles um modelo de racionalidade científica a seguir, divergiam no modo de seguir a sua autoridade e os seus argumentos, Sigério mais inclinado a seguir as suas posições independentemente dos dados da fé, Tomás procurando sempre uma interpretação rigorosa e que não se afastasse dos dados da fé.
Os dois textos que se publicam neste volume, sobre a então muito debatida «questão da eternidade do mundo» e escritos entre 1270 e 1272, aplicam-se a dissecar hipóteses diferentes na tentativa de compreender as possibilidades de uma demonstração racional da eternidade do mundo, hipótese para muitos dos seus contemporâneos negada taxativamente pela fé na revelação bíblica da criação do mundo a partir do nada. Recorrendo aos instrumentos da razão, os dois textos testemunham o debate sobre os limites da razão filosófica e a sua oposição ou conciliação com os dados da revelação.
José Maria da Costa Macedo é docente aposentado. Foi professor de Filosofia Medieval e de diversas outras disciplinas no curso de licenciatura em Filosofia do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Traduziu o Proslogion de Anselmo de Cantuária e os textos associados à sucessiva polémica com Gaunilo. Traduziu e estudou a Questão sobre a eternidade do mundo de Tomás de Aquino. Publicou diversos estudos em revistas e obras nacionais e estrangeiras, principalmente sobre autores e temas medievais. Os seus interesses vão muito para lá da Filosofia Medieval, publicando e participando regularmente em encontros científicos sobre Filosofia Contemporânea, Fenomenologia, Metafísica, Religião, Artes e Estética. É membro de diversas sociedades científicas, nacionais e internacionais. Coordenou com Vítor Oliveira Jorge a obra Crenças, Religiões e Poderes, Ed. Afrontamento, Porto, 2009.
Mário Santiago de Carvalho é Professor Catedrático de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Publicou mais de uma dezena de livros de Filosofia e traduziu do grego ou do latim autores como Dionísio Pseudo-Areopagita, Agostinho de Hipona, Boaventura de Bagnoregio, Boécio de Dácia, Tomás de Aquino, Henrique de Gand, João Duns Escoto, Raimundo Lúlio, entre outros.
José Francisco Preto Meirinhos é Professor Catedrático na Universidade do Porto. É docente do Departamento de Filosofia. Atividade científica principal nos domínios da Filosofia Antiga, Medieval e do início da Idade Moderna, com interesse pelas teorias da mente e do conhecimento, teorias políticas, sistemas da ciência, história do aristotelismo, estudos medievais e de manuscritos. Publicou 5 livros e editou ou co-editou 18 livros no país e no estrangeiro. É autor de 25 artigos em revistas especializadas e de 38 capítulos de livros ou comunicações en encontros científicos.
Índice
Breve cronologia da vida e obra de Sigério de Brabante
ca. 1240 (?) - Nascimento.
1255-57 - Frequência das Artes em Paris (integrando a «nação» picarda).
1266 - Sigério é acusado de desacatos estudantis, nomeadamente contra a «nação» francesa.
1269-70 - primeiro período da sua obra: In tertium de Anima.
1270-75 - segundo período da obra: De aeternitate mundi, De anima intellectiva, Quaestiones naturales et morales, Quaestiones in metaphysicam.
1275-76 - terceiro e último período da obra: In de Causis.
1276 - Sigério de Brabante abandona Paris, partindo para Orvieto (?).
1276 - (23 de novembro) o inquisidor da França, Simão du Val, cita Sigério a comparecer em tribunal para o dia 18 de Janeiro de 1277.
1277 - Sigério é convocado pelo inquisidor, a Saint-Quentin (perto de Liège) (?).
1284 - (?) Sigério de Brabante é assassinado (?) pelo seu secretário.
A publicação deste volume contou com o apoio do Projeto estratégio do Instituto de Filosofia (Ref.ª PEst-C/FIL/UI0502/2011), financiado por Fundos FEDER através do Programa Operacional Factores de Competitividade - COMPETE (Ref.ª FCOMP-01-0124-FEDER- 022671) e por Fundos Nacionais, através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.