Imago Mundi, 12
Tomás de Aquino (1225-1274) é um dos expoentes do pensamento filosófico e teológico da Idade Média, autor de uma obra extensa e diversificada que exercerá uma influência que se prolonga no tempo e abrange todos os domínios filosóficos. O breve opúsculo O ente e a essência é uma das suas primeiras obras, escrito por volta de 1254-1256 quando era bacharel de Sentenças na Faculdade de Teologia da Universidade de Paris. Tomás fixa aí os traços mais importantes da sua Metafísica, que desenvolverá em tratados, questões, sumas e comentários. O ser e os seus modos, substância e acidente, a composição de essência e existir na criatura, os universais e a individuação, a articulação da linguagem com o real, entre outros temas, são aqui explicitados a partir de uma utilização original de fontes como Aristóteles, Avicena, Averróis, a par da influência do anónimo Livro das causas, que só mais tarde o próprio Tomás de Aquino viria a descobrir ser uma obra neoplatónica. O texto latino e a tradução são precedidos de uma introdução ao estudo da obra.
José Maria da Costa Macedo é docente aposentado. Foi professor de Filosofia Medieval e de diversas outras disciplinas no curso de licenciatura em Filosofia do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Traduziu o Proslogion de Anselmo de Cantuária e os textos associados à sucessiva polémica com Gaunilo. Traduziu e estudou a Questão sobre a eternidade do mundo de Tomás de Aquino. Publicou diversos estudos em revistas e obras nacionais e estrangeiras, principalmente sobre autores e temas medievais. Os seus interesses vão muito para lá da Filosofia Medieval, publicando e participando regularmente em encontros científicos sobre Filosofia Contemporânea, Fenomenologia, Metafísica, Religião, Artes e Estética. É membro de diversas sociedades científicas, nacionais e internacionais. Coordenou com Vítor Oliveira Jorge a obra Crenças, Religiões e Poderes, Ed. Afrontamento, Porto, 2009.
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Imago Mundi, 7
Mário Santiago de Carvalho é Professor Catedrático de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Publicou mais de uma dezena de livros de Filosofia e traduziu do grego ou do latim autores como Dionísio Pseudo-Areopagita, Agostinho de Hipona, Boaventura de Bagnoregio, Boécio de Dácia, Tomás de Aquino, Henrique de Gand, João Duns Escoto, Raimundo Lúlio, entre outros.
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Imago Mundi, 10 (em preparação)
Luis Alberto De Boni é Professor jubilado de Filosofia Medieval (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre) e investigador do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto. É autor de vasta obra publicada, onde sobressaem inúmeros estudos e traduções de Metafísica, Política e Filosofia de autores da Idade Média.
Idalgo José Sangalli é professor de Ética e Filosofia Medieval nos cursos de graduação em Filosofia e do programa de pós-graduação em Filosofia, da Universidade de Caxias do Sul, Brasil. Possui graduação (licenciatura) em Filosofia (1989) e especialização em Filosofia (1989) pela Universidade de Caxias do Sul, mestrado em Filosofia Medieval (1998) e doutorado em Filosofia Medieval (2004) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil, com um ano de estudos (2002) na Università Degli Studi di Padova ? IT. Autor dos livros O fim último do homem: da eudaimonia aristotélica à beatitudo agostiniana (1998) e O filósofo e a felicidade: o ideal ético do aristotelismo radical (2013).
Breve cronologia da vida e obra de Tomás de Aquino
ca.1224/1225 - Nascimento em Roccasecca (Nápoles).
ca.1230-39 - Estadia na abadia beneditina de Monte Cassino.
1239-44 - Estudos em Nápoles; talvez tenha aqui tido como mestre Pedro de Irlanda e tomado contacto com alguns textos aristotélicos.
1244 - Ingressa na Ordem Dominicana em Nápoles.
1244-45 - Recolhimento forçado em Roccasecca, por intervenção da mãe Teodora.
1245 - Breve regresso a Nápoles antes de partir pela primeira vez para Paris.
1245-48 - Estudos em Paris, sob a regência de Alberto Magno.
1248-52 - Estudante e assistente de Alberto Magno em Colónia, onde transcreve os apontamentos letivos de Alberto Magno sobre Os nomes divinos do Pseudo-Dionísio Areopagita e sobre a Ética Nicomaqueia de Aristóteles.
1252-56 - Primeira estadia em Paris como docente (bacharel sentenciário),onde lê as Sentenças de Pedro Lombardo, e compõe O ente a essência e Os princípios da natureza.
1256-59 - Após a licenciatura (licentia docendi), em fevereiro de 1256, continua como professor em Paris, onde escreve As questões disputadas sobre a verdade e o Comentário ao 'De Trinitate de Boécio', além dos Quodlibeta VII-XI.
1259 - Regresso a Itália. Continua o trabalho de redação da Suma contra os gentios iniciada em Paris (a redação prolongar-se-á até finais de 1264-65).
1261-65 - Leitor no convento dominicano de Orvieto; escreve o Comentário ao Livro de Job, a Exposição sobre a Primeira e a Segunda Decretais e Contra os erros dos gregos e Sobre as razões da fé.
1265-68 - Mestre regente em Roma, onde compõe a primeira parte da Suma de Teologia, conclui o Comentário aos nomes divinos do Pseudo-Dionísio Areopagita, uma série de Questões disputadas (sobre a Potência, sobre a Alma, sobre As criaturas espirituais), o Comentário ao 'De anima' de Aristóteles, o Compêndio de Teologia e o Tratado sobre o reino.
1268-72 - Segunda estadia em Paris como regente; composição da segunda parte da Suma de Teologia, os Comentários ao Evangelho de João e ao Evangelho de Mateus, e também as questões Sobre o mal, Sobre a Verdade e Sobre a união do Verbo Incarnado e os Quodlibet I-IV e XII, a Unidade do intelecto contra os averroístas, o Acerca de eternidade do mundo. Deve ser deste período a redação dos inúmeros comentários a Aristóteles (Ética a Nicómaco, Da sensação, Física, Metorológicos, Acerca da interpretação, Analíticos segundos, Metafísica, Política inacabado), cuja datação é complexa e polémica, e duas outras obras importantes: o Comentário sobre o Livro das Causas e o Comentário sobre as Ebdómadas de Boécio.
1272-73 - Mestre regente em Nápoles, onde prossegue a terceira parte da Suma de Teologia, e outros comentários incompletos a Aristóteles.
1274, 7 de março - Morte em Fossanova.
1277, 7 de março - Condenação pelo bispo de Paris, Estêvão Tempier, de 219 teses que os Mestres da Faculdade de Artes passam a estar proibidos de debater ou de ensinar; algumas dessas teses parecem atingir algumas das posições de Tomás, sem que o seu nome esteja envolvido na condenação, que, aliás, não refere nunca quem terá defendido cada uma das posições condenadas.
1323, 18 de julho - Canonização, em Avinhão, pelo papa João XXII.
1567, 15 de abril - Tomás de Aquino é proclamado Doutor da Igreja pelo papa Pio V.
1879, 4 de agosto - Encíclica Aeterni Patris do papa Leão XIII que de facto torna a obra e o pensamento de Tomás de Aquino a principal referência teológica e filosófica da Igreja Católica.
1879, 15 de outubro - Com a carta Iampridem considerando o papa Leão XIII funda a Academia de S. Tomás em Roma e decide a publicação de uma nova edição das suas obras. A Commissio Leonina publica o primeiro volume em 1882. Esses trabalhos darão origem progressivamente a um padrão científico de elevado rigor filológico e científico para as edições críticas de textos medievais. Os trabalhos da Commissio estão ainda em curso (estão publicados 38 dos 50 volumes previstos, alguns deles em vários tomos, tendo algumas das obras beneficiado de segunda edição inteiramente reformulada).
1880, 4 de agosto - O papa Leão XIII proclama Tomás de Aquino patrono das universidades, academias e escolas católicas.
A publicação deste volume contou com o apoio do Projeto estratégio do Instituto de Filosofia (Ref.ª PEst-C/FIL/UI0502/2011), financiado por Fundos FEDER através do Programa Operacional Factores de Competitividade - COMPETE (Ref.ª FCOMP-01-0124-FEDER- 022671) e por Fundos Nacionais, através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.